QUESTÕES INDÍGENAS

DESCENDENTES DA ETNIA CATU-AWÁ
ORIGINÁRIOS DO MUNICÍPIO DE BAMBUI

Considerado extinto desde o século 18, povo indígena luta por reconhecimento! Já no primeiro século da colonização, muitos povos indígenas originários do Cerrado foram extintos, vítimas do enfrentamento com bandeirantes e das epidemias trazidas pelos não-índios. Os Catú-awá-arachás, ou simplesmente Arachá, foram um desses povos, dados como extintos desde o século 18. Há remanescentes dos Arachá vivendo na região do Triângulo Mineiro. Organizados em torno da Associação Andaiá, eles buscam o reconhecimento de sua indianidade.A associação é presidida pelo cacique Carcará-urú-arachás Edson Adolfo e visa promover o intercâmbio cultural, artístico e humano entre os povos indígenas de Minas e do Brasil. "Estamos lutando para levantar a nossa cultura, língua e tradições junto com os descendentes de várias etnias na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba", disse lider indígena. O cacique afirma ser de "suma importância" o apoio dos meios de comunicação e de instituições diversas para garantir visibilidade às reivindicações de seu povo. Sobre a história Arachá, os índios Arachá habitavam as terras entre o rio das Velhas e o rio Quebra Anzol, num tabuleiro elevado do extremo oeste de Minas Gerais. Daí, o significado da palavra "arachá", do tupi-guarani: lugar alto de onde primeiro se avista o sol. Originários da tribo Catu-Auá (gente boa), ou Cataguá, que vivia em Bambuí, e liderados pelo guerrreiro Anadaia-Aru, esses índios se instalaram na região bem antes da colonização portuguesa. A primeira referência aos Arachá foi feita pela expedição de Lourenço Castanho Taques, no século XVI. A presença dos índios na região se constituiu num obstáculo à ocupação colonial. Por mais de um século, os Arachá defenderam ferozmente seu território, conhecido como o instransponível "Sertoins dos Arachás". Em 1766, foram vencidos em combate pelo mestre-de-campo, Coronel Inácio Correia Pamplona, e os poucos sobreviventes expulsos da região.Resíduos arqueológicos encontrados por fazendeiros dão pistas da localização da tribo desse povo junto aos limites urbanos da atual cidade de Araxá. Mais informações: andaiaraxa@gmail.com (Fonte: Curtas - Rede Cerrado).

ASSOCIAÇÃO ANDAIÁ

O SITE “HISTÓRIAS QUE O POVO CONTA”
em http://enigmacom.blogspot.com.br/  se solidariza com a associação indígena Andaiá na luta pelo reconhecimento do povo indígena “Catú-awá-arachás” junto aos demais povos indígenas mineiros.


O povo indígena “Catú-awa-arachás”, encontra-se em Araxá, Minas Gerais, devidamente organizados na Associação Andaiá.
Esta objetiva o intercâmbio cultural, artístico, e humano entre os parentes das diversas etnias indígenas de Minas, Brasil e de outros países, bem como, de ONG’s e de outras organizações com o objetivo de fortalecer o movimento indígena. A instituição visa fortalecer o movimento indígena através da troca de experiências e conhecimentos referentes à questão indígena.

Os remanescentes do povo “Catú-awá-arachas” contam com o apoio da associação local Andaiá, devidamente legalizada.
Edson Adolfo, cacique Carcará-urú-arachás e presidente da Andaiá alega: “Estamos lutando para levantar a nossa cultura, língua e tradições junto com os descendentes de várias etnias na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba”. O cacique afirma ser de suma importância o apoio midiático e de instituições diversas para que possam inserir-se nas discussões a cerca da temática.

Para maiores informações entre em contato com a Associação Andaiá através do e-mail andaiaraxa@gmail.com.


Fonte: Edson Adolfo, Cacique “Carcará-urú-arachás” em 23/01/08.
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AS COMUNIDADES INDÍGENAS EM MINAS GERAIS

Breve Histórico sobre as Comunidades Indígenas de Minas Gerais
Artigo escrito por : Ana Paula Ferreira de Lima 

No Estado de Minas Gerais há atualmente doze etnias indígenas espalhadas em dezessete territórios diferentes. As etnias são: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, Catu-Awá-Arachás, Caxixó, Puris, Xukuru-Kariri e Pankararu. As doze etnias que vivem atualmente no Estado de Minas Gerais são pertencentes ao tronco lingüístico Macro-Jê e contam aproximadamente comonze mil indivíduos. O povo indígena conhecido hoje como Krenak, habitante da margem esquerda do Rio Doce, município de Resplendor, na região Leste de Minas Gerais, formou-se ao longo de um processo histórico marcado pelo caráter violento da expansão econômica sobre aquela região, originalmente de densa mata atlântica, onde diversos grupos de 'Botocudos' - resistindo à colonização em outras zonas já 'conquistadas' pelos brancos - se abrigaram até meados do Século XIX. Os Botocudos - nome com o qual os portugueses pejorativamente os designavam, em referência aos adornos usados nas orelhas e nos lábios - ou Borum - termo que significa 'gente', em língua indígena, e que segundo o qual os Krenak designam hoje a si e aos demais índios, em oposição aos Kraí, os não-índios - eram falantes de uma mesma língua, apesar das significativas variações dialetais que serviam para demarcar diferenças entre os diversos grupos nos quais se compunham. O grupo liderado por Krenak foi o último a negociar com as autoridades governamentais seu processo de 'pacificação' e 'civilização', ocorrido logo no início dos trabalhos do recém-inaugurado Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais, em 1911. O povo Aranã também tem sua origem na história dos Botocudos. Distinguiam-se, no entanto, politicamente, de outros grupos Botocudos, mantendo inclusive uma pequena variação dialetal, significativa da distância que mantinham estrategicamente, como forma de reafirmarem sua diferença dos demais. Os Aranã foram aldeados pelos missionários capuchinhos em 1873, no Aldeamento Central Nossa Senhora da Conceição do Rio Doce, onde grassaram epidemias que dizimaram a população. Alguns sobreviventes migraram para o Aldeamento de Itambacuri, de onde saíram os ancestrais dos Aranãs de hoje, para o trabalho em fazendas na região do Vale do Jequitinhonha. Fixados nos municípios de Martinho Campos (fazenda Criciúma) e Pompéu (fazenda São José) - região centro-oeste mineira (aproximadamente 206 km de Belo Horizonte) - os Caxixó somam cerca de 100 indivíduos na comunidade do Capão do Zezinho, área rural que concentra o maior contingente populacional caxixó. Foi a comunidade do Capão do Zezinho, localizada às margens do rio Pará, que deu início à luta caxixó pelo reconhecimento étnico oficial.


DEPOIMENTO QUANTO Á EXISTENCIA DE VESTÍGIOS DOS CATW-AUÁ NAS VARGENS ( MUNICÍPIO DE BAMBUI ).

O senhor Sebastião de Oliveira, no ano de 1950 ainda adolescente, ajudava seu pai no cultivo das roças de milho e feijão. E ao sulcarem o solo com arados puxados com bois encontravam panelas e outros utensílios de barro, certamente deixados ali pelos nativos. 
Hoje, com setenta e oito anos relembra com pesar por não saber na época do valor histórico desses objetos.


ABAIXO ILUSTRAÇÕES E TRECHOS DO LIVRO "O Vale Encantado e o menino de suspensórios" que narra parte da história dessa etnia:


Em 1888 no sopé da Serra da Canastra,  a nativa Jaçanã (Miquelina Maria de Jesús) encontra o português Antonio Fortunato de Oliveira.
A bela nativa, a seu modo, relatou que descendia da aldeia dos Catu-Awá, e que seu povo fora dizimado há muitas luas por homens que desceram da grande montanha. Com tristeza mas demonstrando um imenso orgulho, citou que em tempos de glória seu povo fora comandado pelo grande guerreiro Anadaia-Arú, morto na grande batalha que praticamente exterminara seu povo. Depois da destruição de sua tribo, os poucos que restaram passaram a viver como nômades, e constantemente eram atacados por homens brancos que os escravizava ou expulsava. Sensibilizado,  o português se pôs a matutar sobre a chacina do povo de Jaçanã. Seriam os algozes outros índios que habitavam além da serra? ou ela se referia às expedições que vinham para desbravar aquelas matas? Havia ainda algo terrível que ela mencionava com muito medo. Nos ataques que a aldeia sofreu, somente os guerreiros homens foram mortos; as mulheres e as crianças foram levadas e devoradas em sucessivos banquetes na floresta. Pela dificuldade que ainda tinha para falar a língua de Antônio, Jaçanã não soube explicar à contento os fatos, mas dissera que Indira sua mãe ainda morava na aldeia quando aconteceu a grande mortandade. Ela escapou porque se escondeu na floresta com outras mulheres, crianças e alguns guerreiros da tribo. Sua mãe contou-lhe também que outros sobreviventes se refugiaram na grande planície além da serra, mas nunca mais teve notícias deles. Jaçanã disse que tudo que sabia era pelas histórias que sua mãe lhe contava, mas agora ela não estava mais com eles, fora morta por um capitão do mato. Lembrou-se do último contato que teve com seu bando. Estava só, finalizou em lágrimas...
                                                                                         Joel Di Oliveira em 15/11/2013

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